sábado, 29 de dezembro de 2007

Vamos mudar de casa.

Casa de alvenaria. Casa astral. Casa, espaço cênico. É 2008 que vem.
E as resoluções pessoais.
Eu, eu mesmo, só quero uma coisa: mudar de casa.
Mudar de ares não faz mal a ninguém, certo?
Sair dessa casa tão triste, com paredes pintadas, e coisas jogadas por todos os lados. Quero uma nova.
Uma nova, branca e cheia de espaço para eu pintar minha história em suas paredes e organizar melhor meus objetos. E sabe aqueles velhos retratos? Não os guardarei na mala, não. Deixarei por aí, nessa casa que trancarei assim que sair. Nessa casa cujas janelas fecho agora ao fim da tarde e cuja chave jogarei em um poço, desses de pedidos. Que fique sempre na minha memória.
E ao chegar lá fora, já terei destino certo, bem sei. Uma nova casa, como eu realmente quero. E assim viverei nela por mais um ano, e depois, fecharei e trancarei. E mudarei novamente de casa, quem sabe dessa levo alguns retratos...
Bom, é isso, a mudança!
Vou para a minha casa número 2008.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Depois

Depois de um tempo. Depois de um tempo eu notei a estranheza dessa palavra: depois. Depois é tão certeiro e ao mesmo tempo tão incerto. Depois quando?
- Te ligarei depois.
- Amanhã?
- Não. Depois.
Depois pode ser muito cedo, depois pode ser muito tarde. Depois é diferente de antes. Antes é certeiro, já passou. Depois, ah, depois é depois.
Depois eu chego a alguma conclusão.

sábado, 22 de dezembro de 2007

Visita inusitada

Hoje tive a grande surpresa de receber um filhote de galinha, tão bonitinho, tão amarelinho, tão angustiante. Ele pia. E pia sem razão. Sem razão para mim. Não entendo muito bem o seu código. Por isso me considero angustiante: não entendo o meu código.
Quantas palavras eu digo sem nenhuma razão? E quantos momentos eu passo sem deixar explicação? A vida talvez seja uma grande explicação por si só. Deve ser de difícil compreensão essa força maior que chamamos destino.
Sabe, talvez o amor seja um grande código universal. Ninguém resiste ao seu sorriso. Mas há por trás disso algo maior. Algo maior que eu, algo maior que meu coração, algo maior que minha mente.
A beleza dos fatos está na incerteza dos mesmos. A incerteza é um grande código de erros e acertos: código binário. E falho (?).
Talvez, enquanto eu observo esse pintinho e não o compreendo, ele me observa também, escuta-me e pia: viva, meu caro, viva sem se questionar.

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Desabafo para sei lá quem, sobre sei lá o quê.

Talvez todas essas provas me deixaram sentimental. Não sei. Realmente não sei explicar o meu estado. Se é de loucura ou de cansaço, ou de falta do que fazer.

É.Só isso.

Eu juro.

Juro, sei lá por que.

sábado, 15 de dezembro de 2007

Hermetismo.

Meus sinais, meus códigos herméticos, minha vida misteriosa.
Tudo isso é uma tentativa de me esconder de mim mesmo?
Talvez.
Talvez.
Talvez.
Esse é o meu código.
(Sob que máscara retornarei?)
E minhas questões?
Ah.
Ah.
Ah.
Canso de vez em quando de mim mesmo.
Fato.
Fato.
Foto.
Sorriso estático, parado, falso.
Coração pulsando, verdadeiramente, vermelho.
Tum.
Tum.
Tum.
Tambores.
Viva a carne humana.
Cave a terra.
Cave.
Cav.
Ca.
C.
Ossos!
Ossos meus.
Apodrecidos.
Essa é a minha herança: uma flor murcha, uma lagarta seca, um solo infértil.
Murcha de suas mentiras.
Seca de suas verdades escaldantes.
Infértil de lhe ver.
Mundo perdido e encontrado dentro de mim.

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Essas paragens...

"Viver é um descuido prosseguido", já dizia Riobaldo em Grande Sertão: Veredas. E agora realmente descubro que a vida é feita de veredas, e veredas, e veredas. Se escolho qual rua tomar, não posso se não seguí-la. Se tomo a rua errada, bem... Se tomo a rua errada, prossigo. Prossigo pois sei que haverá outras ruas tão bem erradas, mas que podem ser certas. E assim é a vida.
Se ontem errei, do descuido deste meu erro surge o acerto. Se acerto ontem, da certeza deste pode surgir o meu grande erro: ter certeza. Não se ter certeza é viver. Só há uma única certeza: que se vive. Ser tão incerto.
"Vivendo , se aprende; mas o que se aprende, mais, é só a fazer outras maiores perguntas."

(Anos de encantamento a Guimarães Rosa).
(Sertão : é dentro da gente.)

domingo, 11 de novembro de 2007

Le noir.

A luz elétrica vai embora às 10 horas da noite em minha aldeia. Vai também o desejo dos meus olhos em persistirem abertos. Entro então na fabricação de frágeis lembranças: o contorno dos teus lábios, frases tuas de insuportável beleza, olhos abertos nesse breu.
Eu aguardo confessadamente.
Aguardo.
Quando as luzes se acenderem...

sábado, 10 de novembro de 2007

Hidden place.

Now, I have been slightly shy but I can smell a pinch of hope to almost have allowed once fingers to stroke. The fingers I was given to touch with, but careful, careful.
(I'll keep it in a hidden place).
He's the beautifullest, fragilest, still strong, dark and divine. (And the littleness of his movements hides himself).
He invents a charm that makes him invisible, hides in the hair.
Can I hide there too?
Hide in the hair of him, seek solace, sanctuary.


(He slides inside half awake / half asleep. We faint back into sleephood. When I wake up the second time in his arms : gorgeousness!)



[Salve Björk]

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Agora?

Agora que senti o gosto do caos urbano... (Um gosto não amargo, não azedo, não doce, mas sim intríseco - assim como a matéria branca da barata.)
Agora que lembrei que o mundo de fora trancado aqui dentro do peito não me faz me aproximar da realidade - pois meu peito chora piegas....
Agora que lembrei que tudo volta...
Agora, agora.
Agora?
É, o instante-já já se foi.
Agora?
Agora a pouco.
Oh, existirá realidade?
Existirá imparcialidade no registro dos fatos?
(Se fotografo um instante, esse instante passa a ser eterno pela minha visão, não?)
E se minha visão não trabalhasse no agora?
Nem meu corpo?
Nem minha mente?
Nem meu peito e suas piegas?

Ah! Tranco esse mundo de fora aqui dentro.
(E assim me torno mais e mais egoísta, por não mais compartilhar visões).
(E hermético, para alguns).
(Mas é que aqui dentro, ah, aqui dentro é difícil encontrar algum lugar que se consiga denominar).
(Há o amor e há a dor, só).
(O de dentro é úmido).



quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Sinal

Fecha-se o sinal mais uma vez,
Eu não posso parar,
Devo continuar.

Mas o meu carro pára pra ver
O outro lado que também quer andar,
E assim espero o tempo
Tempo que não quer passar.


Como eu nunca percebi?
Sou só mais uma máquina.
E esse é só mais um sinal
Sinal teu na contra-mão,
Sinal teu na escuridão,
Sinal teu
Fechado.


(Agora sim, vejo que a imagem que eu tinha de você era uma imagem invertida)


Renato Gonçalves


PS. Esse eu musiquei, inclusive.

domingo, 28 de outubro de 2007

Luz Fria

(Um trecho de um dos capítulos de minha vida).
(Luz fria, não sei se realmente mereces, mas fostes importante para mim).

(...)
Vivo a pensar, “Ah, se eu te encontrasse...”, “Ah, se fosses tu...”. E se realmente eu te encontrasse na minha frente? Coração batendo, mãos tremendo. Talvez perguntaria onde compraras tua roupa, ou talvez não dissesse nada. O silêncio vale mais do que mil mentiras. Quero-o quando na verdade gostaria de gritar tudo o que aconteceu comigo sem ti, meu amor.
Esta noite aceitei sair com alguns amigos para ir ao bar. No bar, a espera de alguma bebida, eu te encontrei. Encontrei em olhos alheios o teu olhar. Encontrei nos lábios alheios os teus lábios. E encontrei em meu coração, teu coração. Ah, memória de minha vida: és morte em plena luz da noite. Luz calada, luz fria, luz artificial de postes urbanos.
Senti-me impuro. Impuro por te cobiçar. Não mais me pertences.
Confesso, amor. Confesso: quando cheguei em casa pus-me a te riscar em carvão, à luz da lua. E lembras aquele retrato que te dei? Guarde-o com carinho. Ainda guardo teu retrato em minha mente. Tornei minha mente um grande salão de mármore para nós dois. Nele, a todo instante, tu me pegas para bailar a doce suíte da vida.
Perdoa-me, luz fria de minha vida, se borrei o teu retrato a carvão. Mas o carvão, duro como ti, não resistiu às minhas lágrimas esta noite. Não pude evitar, era lua cheia quando eu te conheci, meu amor.


(...)

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

É.É!

Sente aqui, escute bem.
Veja minhas mãos: o que elas são agora sem teu corpo para tocar?
Não! Repare nos meus olhos. Para quê eles se só podem te mirar com outra pessoa?
E essa boca muda, sem teus lábios?
Ah. Devo estar ficando louco, falando sozinho.
Já não me escutas.
Já não me amas.
Já não me torturas.
Eu que me torturo com tuas lembranças.


(Eu sei que são pequenas coisas com as quais eu me chateio tanto, mas são as únicas coisas que realmente possuo).

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Vida? Vida.

Que mundo estranho esse onde vivemos: o mundo gira em vão enquanto eu tomo tempo. Nós tomamos tempo de vida. Não é uma questão de dúvidas sobre a existência. É uma necessidade de resposta para a angustiante pergunta que se chama vida.
Vida é uma questão por si só.
- Vida?
- Vida.
Afinal: o que é vida?
É a espera para a morte.
Mas só se morre quando se quer. Só quando não se percebe se morre.
(É, e morre-se também à luz do dia).


PS. Deve ser o Carnaval que chega.

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Tarde chuvosa. (Eu chovo).

Hoje foi dia de chuva. Dias chuvosos geralmente são considerados tristes. As gotas quando tocam o meu rosto mais parecem lágrimas. Sim. Mas é quando chove que me lembro que todos nós somos humanos. A chuva atinge a todos, pobres ou ricos, talentosos ou não. Eu chovo de vez em quando também. E assim, de repente: raios e trovões.
E quanto ao barulho de chuva caindo no telhado? Se eu começar a notar o barulho de cada gota de incerta massa e incerta certeza, consigo ouvir a sinfonia desalinhada da vida. Sim, falo da vida. A vida é assim: incertos momentos que se não forem notados com muita atenção, tornam o momento agradável. Agradável para ler um bom livro, colocar café no bule, esperar um telefonema.
E como a chuva, noto também o olhar. (Alheio).
Tarde chuvosa tão boa.

24/10/2007

terça-feira, 23 de outubro de 2007

É, bem como eu vivo. (Identifique-se)

Com o leque ela pensa alguma coisa. Ela pensa o leque e com o leque se abana. E com o leque fecha de súbito o pensamento num estalido, vazia, sorridente, rídiga, ausente. O leque distraído e aberto no peito. "A vida é mesmo uma desgraça." Levanta-se subitamente, jogando longe seu leque. Atravessa a grande sala, e estupidamente fecha a cortina pesada. Pôe-se a escrever uma carta, uma longa carta. Quando finaliza, cuspe em seus pensamentos, deita e dorme.

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Sobre a tolerância e as possíveis crises humanas.

Hoje, de repente, como num verdadeiro achado, minha tolerância para com os outros sobrou um pouco para mim também (por quanto tempo?). Devo, pois, perdoar-me por algo. Algo que realmente não sei bem. Mas algo sempre há para pedirmos perdão. Oh, que vida humana temos: tementes a essa força desconhecida. Força nunca medida, nunca pedida. Já existia muitos antes de mim. E de nós. E a minha tolerânica. Devo, pois, acreditar na força chamada destino? Nesse destino que encontro na palma de minha mão? É.

Um amigo meu me falou sobre crises. Cheguei à seguinte conclusão: crise não existe! Tudo o que é uma busca incansável de respostas é chamado de crise. Imaginem minha situação: vivo em constante crise? Não. Crise é viver sem se questionar. Viver ultrapassa qualquer entedimento, lógico, porém no estado humano, o de errante e ignorante, questionar-se é vital.
Tanto na pintura como na música e literatura, tantas vezes o que chamam de abstrato me parece apenas o figurativo de uma realidade mais delicada e mais difícil, menos visível a olho nu.
É o que eu chamo de ser mais do que humano.

domingo, 9 de setembro de 2007

Escrevo-te em desordem, bem sei. Mas é como vivo.

Acreditem: ser eu é muito chato. Já foi menos, confesso. Confesso que já se foi o tempo de ser feliz. Ou pelo menos fingir ser. Ser é verbo intransitivo. E eu sou. Simplesmente sou. Não devo explicar o que sou de fato, nem tampouco o que não sou.Seria uma forma de me esconder na poética das palavras? Talvez. Talvez tudo é uma ilusão. Eu sou uma ilusão. Oh, sim. Uma ilusão de matéria. Uma ilusão de idéias. Idéias, idéias, mentiras. Mentiras que crio. Idealizo. Mentiras, mentiras e... verdades. Verdades que transformo em mentiras. Pois que agora noto que mentir é interessante. Criar todo um universo de farsas, e transformá-las nos mais sagrados autos. Meu nascimento deve ter sido assim: um auto pictórico, um quadro de Frida Kahlo. Às três da tarde daquela tarde de sexta-feira, o sol se escondeu atrás daqueles montes no horizonte, formando sombras. E estava nascendo um novo líder. Um líder sem bandeira. Um líder sem ideais. Só mentiras. E suas cores... Encontrei-as em uma presença sombria. O desconhecido sempre me atraiu. Juro-te que quando fez-se luz, as cores fugiram. O inexplicável acontece comigo. Sou. Menti. Menti para você. Mas é a minha verdade: sou.

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Amantes.


- Adeus, não posso ficar,
Ele deve me telefonar,
Pedir para eu voltar.
- Fique mais um pouco,
Eu que não sou louco,
Não quero lhe perder assim.
- Entenda nosso caso:
Toda história tem seu fim,
Já é tarde para mim.
- Por favor, tente voltar atrás.
E a vida prometida?
Amor eterno, prazer fulgás.
- A mentira esteve aqui,
Espiando nosso fervor,
Fervendo nosso pudor.
- Esse é o nosso final?
Uma atuação frágil
Em um palco marginal?




Dois atores em uma peça.
Haveria cena como essa:
Um instante e nada mais?
.
Renato Gonçalves.
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.
.
.
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(Mais uma tentativa poética metrificada).

domingo, 19 de agosto de 2007

Emaranhado urbano de linhas tortas.

Cruzamentos, sinais fechados eteceteraetal. Minha vida que parou ou foi somente o carro?



Não sei. Na verdade nem sei. Não sei quando o sinal verde surgirá, muito menos quando o amarelo. Cuidado com os tiros que vêm de lá.



Pensamentos fluem. Quando é que minha rua cruzará com a sua? Em qual esquina saberei o seu nome? Ah... Mas se perguntarem por mim diga que estou por aí, andando por aí, perdido por aí.



Abriu. Mais uma vez o sinal abriu. O carro do meu lado acelera, em vão:



- Ich liebe dich.



Multidões se unem. Resolvem atravessar com o sinal fechado. Sonhos diferentes se esbarram, se atraem, se unem.



Do meio da multidão uma senhora corre, espalhando a sete-ventos:



- La muerte és un horror!



Anda, anda! Tenho que passar.



O sinal amarelou. Não. Não. Não!



Fechou.



Aperto o botão e aguardo a linha.

(Telefone temporariamente fora de serviço.)

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

... segundo G.H.

Hoje encontrei um livro antigo, deixado de lado no canto da sala. Em sua capa havia um título já apagado pelo tempo. Abri-o com cuidado.
Folheei suas páginas amareladas, mofadas, rasgadas.
O começo me interessou:
" _ _ _ _ _ _ estou procurando, estou procurando. Estou tentando entender. Tentando dar a alguém o que vivi e não sei a quem, mas não quero ficar com o que vivi. Não sei o que fazer do que vivi, tenho medo dessa desorganização profunda. Não confio no que aconteceu. Aconteceu-me alguma coisa que eu, pelo fato de não a saber como viver, vivi uma outra? A isso quereria chamar desorganização, e teria a segurança de me aventurar, porque saberia depois para onde voltar: para a organização anterior. A isso prefiro chamar desorganização pois não quero me confirmar no que vivi - na confirmação de mim eu perderia o mundo como eu o tinha, e sei que não tenho capacidade para outro."
Meus olhos agora procuravam alguma escapatória, talvez a porta - e o relógio que agora andava, enquanto eu enxugava uma lágrima fugidia.
Em poucas frases encontrei longos capítulos de minha vida.
Ferida aberta?
Não. É somente a paixão segundo G.H., segundo Clarice Lispector, segundo eu, segundo vós, segundo nós. Amém para todos nós.

sexta-feira, 10 de agosto de 2007

Sobre a lógica. (E as pessoas)

Os números são certeiros: fato. Fato é fato, lógica é lógica!

Qual a dificuldade que há entre diferenciar um aldeído de um ácido carboxílico? É óbvio.

Quem não escreve razoavelmente bem? São só palavras.

Quem não se expressa através da arte? É comunicação.

Ah!

Quase me esqueci de um fato: há pessoas e pessoas.

Lógico.

.

.

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(Juro-te que há nexo!).
Pessoas são pessoas, oras!

terça-feira, 7 de agosto de 2007

R.I.P.

Agora eu sei. Sei a diferença entre o céu e a terra, entre o mar e o deserto, entre meus olhos e os seus. Mesmo estando longe, só pra você não me ver chorar, eu sei.
Estarei por aí espiando o que você fizer.
Estarei na sombra de sua porta, na fresta de sua alcova.
Eterna as saudades, mortas as lembranças.
Toda flor que se abre com a mais intensa cor na primavera, morre no outono.
Todo pássaro que voa, pousa.
Já vai longe o tempo...
Eu só peço que me dêem uma razão para não ser assim.















PS. Confesso: vivas lembranças.

segunda-feira, 6 de agosto de 2007

Pra não dizer que não lhe falei das flores...

Pois é, meu amigo. Sessenta e dois anos se passaram e a imagem da rosa estúpida ainda gera o meu silêncio. Meu silêncio em luto do passado, do presente e do futuro. Rosa atômica. Será que 62 anos depois, a rosa da vida brote no jardim de almas em Hiroshima?

A lágrima derramada por tantos fez brotar a flor da comoção. Comoção em pensar que o futuro será uma flor despetalada no deserto. Comoção tenho eu em pensar que a gente morre. E tantos morreram sem saber que de fato o fim chegava. Fim da humanidade. Fim da dignidade humana.

Só peço uma coisa: não se esqueçam da rosa. Um minuto.








Meu silêncio vale mais que mil mentiras.

Uma eternidade.