terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Visão Sistêmica dos Valores

Estava na hora de produzir um texto com olhares de um estudante de Comunicação Social. Portanto, venho por meio deste post abordar um assunto que tenho desenvolvido em trabalhos acadêmicos e que se estende a outras esferas: música e semiótica.
(Por ser somente um post em um blog qualquer, deixarei de usar normas de citações. É só um instante, por favor.)
Uma das frases que mais motivam o trabalho que tenho realizado é do produtor Nelson Motta: “Hoje, música não é mais só música, é cada vez menos. É imagem, é palavra e atitude, é dança e teatro, é tecnologia e produto de consumo, é tantas outras coisas.”
Esse “é tantas outras coisas” que me fascina. Exprime em palavras o que eu já tinha reparado, mas não conseguia bem explicar. É o “maneirismo” defendido por Tupã Gomes: atributos vinculados ao artista na indústria fonográfica. Mais precisamente, os valores que os consumidores consomem. O que sempre achei interessante notar são as atitudes de consumo e de preferência: por que consumir uma joia H. Stern, por exemplo? Por que não uma Vivara? São os valores atribuídos ao produto que determinam o gosto. Valores além do simples produto. E neste momento evidencia-se a semiótica: os valores são desencadeados através da semiose.
Todo e qualquer meio de comunicação fornecem atributos aos produtos. Por esse motivo, creio que o ponto que deve ser mais priorizado no marketing (Product, Price, Placement, Promotion) pelas empresas é a comunicação (Promotion) atualmente. Através da comunicação criam-se sonhos, expectativas e, sobretudo, os já comentados valores. E não digo somente da comunicação através de peças publicitárias... Falo de buzz, acrescento os canais de interação entre empresa e consumidores através de redes sociais, entre tantas outras formas.
Um exercício a se fazer é tentar entender o motivo pelo qual o levou a consumir os produtos com os quais você se identifica. Consumiu para se espelhar em grupos de referência? Quais valores você atribui a tal mercadoria? Não há certo fetiche?
É difícil responder a tais questões com sinceridade, pois ao desvendá-las, afastamo-nos do individualismo que se crê, e nos aproximamos de grupos bem definidos. Porém, é claro, não fazemos parte de uma só aldeia. Afinal, a multifacetação humana existe: devemos assumir diferentes papéis durante vinte e quatro horas por dia.
Veja como os assuntos fluem. Da música e da semiótica, chegamos ao indivíduo em si, passando pelo consumo e valores atribuídos ao que se consome. E é essa visão sistêmica das coisas (note-se bem: não sistemática) que tenho adquirido. Pois creio que as coisas não são independentes, nem são dependentes de outra coisa só: tudo está interligado em uma grande rede. Esperto é aquele que vê e enxerga como as coisas realmente funcionam.