quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Receita de um Show (Mais do mesmo)

Volta e meia lançam-se shows no circuito paulistano dos mais diversos estilos. E sempre fica aquela pergunta geral após o bis: gostou do show? Cada vez mais eu digo: não.

Até pude, neste processo, traçar uma formulinha....

Em linhas gerais, podemos traçar uma pequena receita matemática para que um show agrade a seu público em questão de repertório. Anote aí, coleguinha!

Ingredientes (baseado em um show de 20 músicas)

10 canções do novo trabalho (ou 80% do novo disco, pois é charmoso não cantar algumas ao vivo).

6 canções emblemáticas da carreira (ou melhor, aqueles sucessos que grudaram na cabeça e ninguém confunde como achar que “Malandragem” é da Zélia Duncan) .

2 canções homenagens (seguir o tema da época. Por exemplo: Adoniran Barbosa que completaria 100 anos em 2010) .

2 canções experimentais (pode ser B-side, regravação ou inédita).

1 poeminha (de preferência Fernando Pessoa) .

Modo de fazer

Com muito bom gosto (duvidoso) e coerência (olha! Na letra tem o título do meu trabalho), selecione os ingredientes e ensaie exaustivamente. Se não ensaiar, não tem problema; contudo, não fale isso para o seu público pois é deselegante e sugere descaso para com o evento. Para música de abertura – e os fãs mais fanáticos – sugere-se uma canção do novo disco. Geralmente colocam a faixa 1 mesmo. Não é de todo mal, porém é batido. Mas bom, esta é uma receita genérica mesmo, então vá de faixa 1.

Para uma segunda canção já entre com um sucesso, para acalmar os ânimos daqueles desavisados que ainda não ouviram o novo trabalho e começaram a se desesperar. E por aí em diante vá mesclando 2 músicas novas e um sucesso ou experimental. Não se esqueça daquele poema Fernando Pessoa que você lia nas provas do Ensino Fundamental!

Lá pelo 3/4 do show, dê aquela pausa básica, converse com o público e repasse aquele texto wikipedia sobre a sua homenagem e manda bala! Finalize o show com um sucesso do início da sua carreira e vá embora. Se possível, jogue rosas.

Retorne no bis tocando aquela canção porre que nem seu diretor musical aprovou e finalize com um sucesso.

Prontinho, você já é um artista.
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Depois não entendem porque fico triste quando shows REALMENTE bem pensados, nada convencionais não são valorizados, vide Primórdios da Marina Lima... Eu não quero a mediocridade. Eu dou valor ao que se cria como um sopro. E não o que se reproduz.

sábado, 31 de julho de 2010

Dos sons, das ondas, dos novos pensamentos.

Perguntaram-me se ainda estudo a Indústria Fonográfica. E digo que não. Contudo, foi o caminho pelo qual percorri até chegar ao meu foco atual: a criação e concepção artística na música, seja ela de cunho popular ou erudito. Da Indústria Fonográfica, pude acreditar em um conjunto de valores que ultrapassam o registro sonoro de timbres, harmonias etc. São símbolos visuais, atitudes e palavras que complementam um disco. Porém, sentia falta da análise semiótica dos sons, atual sensibilidade interpretativa que busco. Digo que para isto a Teoria Musical e a própria História da Música têm colaborado para a construção de uma visão (evito o uso da palavra "teoria") de uma alfabetização sonora que tanto defendo. Também tenho voltado a minha atenção à inovação na música (John Cage, por exemplo).

E é isso. Só para deixar vocês atualizados do que ando pensando, sentindo, tocando por aí.

"Palavras e a embarcação, na música, no mar." ("Lex", M. Lima).

terça-feira, 13 de julho de 2010

Manual.

Eu quero um amor que seja verdadeiro.
Não que me complete, mas que compartilhe diferenças, que me acrescente.
Não precisa falar "eu te amo", pois será desnecessário - que um único olhar o fale sempre que precisarmos de provas.
Que faça o contraponto e aceite reformularmos a questão.
Um amor que não seja só de final de semana.
Amigos antes, durante e depois.
Que valorize um abraço tanto quanto um beijo.
Que entenda a conversa e também o silêncio.
Que saiba a importância dos momentos de distância. Mas que saiba aproveitar os segundos, minutos e horas juntos.
Que não telefone. Que use a telepatia.
Um amor que não leia este manual.
E se nada disso acontecer, não me preocupo: que seja simplesmente amor.


"Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento."

domingo, 11 de julho de 2010

Des écrits.

Un homme était très grave. Un jour, il a découvert une boîte où il y avait des dés. Par la prémière fois, il les a jeté. Ainsi, il a commencé a jouer la vie.
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Je suis allé au centre-ville pour acheter un peu d'air.
- Donnez-moi.
- Un, deux, trois, respirez! Vivez-vous?
- Pas encore...
- Alors, un, deux, trois, respirez! Avez-vous peur de la mort?
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Dans ma mémoire il n'y a que des mots qui font peur: ce sont ton nom, notre histoire et tout ce qui faisait partie de notre imaginaire.
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Mes yeux sont fatigués. Donnez-moi un peu d'air. Ils ont besoin de respirer.
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Il y a encore des vie?

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Prosa ou poesia?

Eu quero dedicar canções. Para todos.
Cazuza para os loucos, Calcanhotto pra você, Marina para mim.
Recados de verso em verso.
Rima por rima.
Até que o último verso não rime com nada.
Ou então rime com o fim.
(Se bem que o sim...)


Do que adianta a prosa se não houver a poesia?
De que adianta a poesia se não houver a prosa?

domingo, 30 de maio de 2010

Necessidade

Só as tuas mãos trazem
O que meu corpo precisa:
O calor, o toque,
De dedos calejados,
De beijos esperados.

O peito aberto,
As pernas entrelaçadas,
Brincadeira de atar
Nós.

Renato Gonçalves.
30/05/2010

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Visão Sistêmica dos Valores

Estava na hora de produzir um texto com olhares de um estudante de Comunicação Social. Portanto, venho por meio deste post abordar um assunto que tenho desenvolvido em trabalhos acadêmicos e que se estende a outras esferas: música e semiótica.
(Por ser somente um post em um blog qualquer, deixarei de usar normas de citações. É só um instante, por favor.)
Uma das frases que mais motivam o trabalho que tenho realizado é do produtor Nelson Motta: “Hoje, música não é mais só música, é cada vez menos. É imagem, é palavra e atitude, é dança e teatro, é tecnologia e produto de consumo, é tantas outras coisas.”
Esse “é tantas outras coisas” que me fascina. Exprime em palavras o que eu já tinha reparado, mas não conseguia bem explicar. É o “maneirismo” defendido por Tupã Gomes: atributos vinculados ao artista na indústria fonográfica. Mais precisamente, os valores que os consumidores consomem. O que sempre achei interessante notar são as atitudes de consumo e de preferência: por que consumir uma joia H. Stern, por exemplo? Por que não uma Vivara? São os valores atribuídos ao produto que determinam o gosto. Valores além do simples produto. E neste momento evidencia-se a semiótica: os valores são desencadeados através da semiose.
Todo e qualquer meio de comunicação fornecem atributos aos produtos. Por esse motivo, creio que o ponto que deve ser mais priorizado no marketing (Product, Price, Placement, Promotion) pelas empresas é a comunicação (Promotion) atualmente. Através da comunicação criam-se sonhos, expectativas e, sobretudo, os já comentados valores. E não digo somente da comunicação através de peças publicitárias... Falo de buzz, acrescento os canais de interação entre empresa e consumidores através de redes sociais, entre tantas outras formas.
Um exercício a se fazer é tentar entender o motivo pelo qual o levou a consumir os produtos com os quais você se identifica. Consumiu para se espelhar em grupos de referência? Quais valores você atribui a tal mercadoria? Não há certo fetiche?
É difícil responder a tais questões com sinceridade, pois ao desvendá-las, afastamo-nos do individualismo que se crê, e nos aproximamos de grupos bem definidos. Porém, é claro, não fazemos parte de uma só aldeia. Afinal, a multifacetação humana existe: devemos assumir diferentes papéis durante vinte e quatro horas por dia.
Veja como os assuntos fluem. Da música e da semiótica, chegamos ao indivíduo em si, passando pelo consumo e valores atribuídos ao que se consome. E é essa visão sistêmica das coisas (note-se bem: não sistemática) que tenho adquirido. Pois creio que as coisas não são independentes, nem são dependentes de outra coisa só: tudo está interligado em uma grande rede. Esperto é aquele que vê e enxerga como as coisas realmente funcionam.