quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Essas paragens...

"Viver é um descuido prosseguido", já dizia Riobaldo em Grande Sertão: Veredas. E agora realmente descubro que a vida é feita de veredas, e veredas, e veredas. Se escolho qual rua tomar, não posso se não seguí-la. Se tomo a rua errada, bem... Se tomo a rua errada, prossigo. Prossigo pois sei que haverá outras ruas tão bem erradas, mas que podem ser certas. E assim é a vida.
Se ontem errei, do descuido deste meu erro surge o acerto. Se acerto ontem, da certeza deste pode surgir o meu grande erro: ter certeza. Não se ter certeza é viver. Só há uma única certeza: que se vive. Ser tão incerto.
"Vivendo , se aprende; mas o que se aprende, mais, é só a fazer outras maiores perguntas."

(Anos de encantamento a Guimarães Rosa).
(Sertão : é dentro da gente.)

domingo, 11 de novembro de 2007

Le noir.

A luz elétrica vai embora às 10 horas da noite em minha aldeia. Vai também o desejo dos meus olhos em persistirem abertos. Entro então na fabricação de frágeis lembranças: o contorno dos teus lábios, frases tuas de insuportável beleza, olhos abertos nesse breu.
Eu aguardo confessadamente.
Aguardo.
Quando as luzes se acenderem...

sábado, 10 de novembro de 2007

Hidden place.

Now, I have been slightly shy but I can smell a pinch of hope to almost have allowed once fingers to stroke. The fingers I was given to touch with, but careful, careful.
(I'll keep it in a hidden place).
He's the beautifullest, fragilest, still strong, dark and divine. (And the littleness of his movements hides himself).
He invents a charm that makes him invisible, hides in the hair.
Can I hide there too?
Hide in the hair of him, seek solace, sanctuary.


(He slides inside half awake / half asleep. We faint back into sleephood. When I wake up the second time in his arms : gorgeousness!)



[Salve Björk]

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Agora?

Agora que senti o gosto do caos urbano... (Um gosto não amargo, não azedo, não doce, mas sim intríseco - assim como a matéria branca da barata.)
Agora que lembrei que o mundo de fora trancado aqui dentro do peito não me faz me aproximar da realidade - pois meu peito chora piegas....
Agora que lembrei que tudo volta...
Agora, agora.
Agora?
É, o instante-já já se foi.
Agora?
Agora a pouco.
Oh, existirá realidade?
Existirá imparcialidade no registro dos fatos?
(Se fotografo um instante, esse instante passa a ser eterno pela minha visão, não?)
E se minha visão não trabalhasse no agora?
Nem meu corpo?
Nem minha mente?
Nem meu peito e suas piegas?

Ah! Tranco esse mundo de fora aqui dentro.
(E assim me torno mais e mais egoísta, por não mais compartilhar visões).
(E hermético, para alguns).
(Mas é que aqui dentro, ah, aqui dentro é difícil encontrar algum lugar que se consiga denominar).
(Há o amor e há a dor, só).
(O de dentro é úmido).