domingo, 28 de outubro de 2007

Luz Fria

(Um trecho de um dos capítulos de minha vida).
(Luz fria, não sei se realmente mereces, mas fostes importante para mim).

(...)
Vivo a pensar, “Ah, se eu te encontrasse...”, “Ah, se fosses tu...”. E se realmente eu te encontrasse na minha frente? Coração batendo, mãos tremendo. Talvez perguntaria onde compraras tua roupa, ou talvez não dissesse nada. O silêncio vale mais do que mil mentiras. Quero-o quando na verdade gostaria de gritar tudo o que aconteceu comigo sem ti, meu amor.
Esta noite aceitei sair com alguns amigos para ir ao bar. No bar, a espera de alguma bebida, eu te encontrei. Encontrei em olhos alheios o teu olhar. Encontrei nos lábios alheios os teus lábios. E encontrei em meu coração, teu coração. Ah, memória de minha vida: és morte em plena luz da noite. Luz calada, luz fria, luz artificial de postes urbanos.
Senti-me impuro. Impuro por te cobiçar. Não mais me pertences.
Confesso, amor. Confesso: quando cheguei em casa pus-me a te riscar em carvão, à luz da lua. E lembras aquele retrato que te dei? Guarde-o com carinho. Ainda guardo teu retrato em minha mente. Tornei minha mente um grande salão de mármore para nós dois. Nele, a todo instante, tu me pegas para bailar a doce suíte da vida.
Perdoa-me, luz fria de minha vida, se borrei o teu retrato a carvão. Mas o carvão, duro como ti, não resistiu às minhas lágrimas esta noite. Não pude evitar, era lua cheia quando eu te conheci, meu amor.


(...)

2 comentários:

Renato Gonçalves disse...

Luz Fria, você me aqueceu por tantas noites...

Alysson Kálleb disse...

Como você sabe escrever bem usando um leve teor romântico.

(sempre algo sobre "olhos e lábios", Machado de Assis era só olhos)

Publique no seu livro!

Gostei.


=D