quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

E o mundo não se acabou.

Tá certo. Fui preciptado em dizer isto. Até porque ainda não chegou o profético 21/12/2012. Perdão, me desculpe. Mas me entenda: tenho pressa por esse dia. Não, não pra tudo se acabar - longe de mim! Quero mais é ter a certeza de que nada acontecerá.
Sabe o porquê? Ano após ano, iniciamos tantas coisas boas! Seria, no mínimo, triste ver tudo aquilo que construímos juntos desabar, desmoronar ou ficar submerso. Você até pode me lembrar daquela velha canção que dizia que "o pra sempre sempre acaba". Não nego: as coisas nascem, crescem e morrem, porém, materialmente. Há entre as coisas um breu. Um breu para além da matéria. É a lembrança. Lembra-se da primeira onda batendo no corpo com a mesma intensidade com que as ondas de fato quebram no mar neste instante. Tudo o que se viveu está na terceira margem do rio. Sempre, sempre mesmo, fica um fio na lembrança, um gotejamento na alma. E há ainda quem profetize a contenção desta correnteza. Eu quero mais é deixar correr.
Se as geleiras vão derreter, que existam os escafandristas para resgatar as lembranças.
Se um meteoro nos atingir, que nele exista vida para revivê-las.
Se o chão se abrir em labaredas, que elas venham aquecê-las.
Que vivamos sempre no mais que no menos. Que vivamos mais e mais para se ter lembranças.
E o mundo, assim, não se acabará.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Poeta da Vida ou da Morte

Ser poeta da vida ou da morte não é inventar novos versos, familiares rostos, inóspitos lugares, ricas rimas e encontros dissonantes. Não. Adjetivar a vida não elevará um mortal. Matará lentamente o imortal antes da hora.

Antes de tudo, poeta, ponha-se entre a areia e o oceano. Vá de enconto à onda e deixe quebrar no corpo as palavras. Depois, secarás ao sol escaldante e derreterás sentimentos.

A vida e a morte estão no cais à espera de uma corda que as amarre por entre verbos, ações e orações.

Rewrite in peace.