quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Comporta


Quando chove é sempre assim: meu amor vai à janela.
Fechada.
Os carros tornam-se mais lentos e mais apressados, engraçados.
Engarrafados - como ela.
Tudo escorre, todos somem, fogem.
Dois tons de cinza se unem:
o do céu e o do inferno. Tão calmo!
Entre tanto cinza haverá espaço para sentir o cheiro de chuva?
As veias pulsam, correm, transbordam pelas valetas: o útil, o fútil, o lixo.
- Comporta-te que é dia de chuva!
O telefone não toca, a TV é muda, barulho de água fervendo aqui dentro.
As chaves na porta.
Ela mal me beija e diz:
- Toma um banho quente, amor. Você está ensopado.

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