Hoje encontrei um livro antigo, deixado de lado no canto da sala. Em sua capa havia um título já apagado pelo tempo. Abri-o com cuidado.
Folheei suas páginas amareladas, mofadas, rasgadas.
O começo me interessou:
" _ _ _ _ _ _ estou procurando, estou procurando. Estou tentando entender. Tentando dar a alguém o que vivi e não sei a quem, mas não quero ficar com o que vivi. Não sei o que fazer do que vivi, tenho medo dessa desorganização profunda. Não confio no que aconteceu. Aconteceu-me alguma coisa que eu, pelo fato de não a saber como viver, vivi uma outra? A isso quereria chamar desorganização, e teria a segurança de me aventurar, porque saberia depois para onde voltar: para a organização anterior. A isso prefiro chamar desorganização pois não quero me confirmar no que vivi - na confirmação de mim eu perderia o mundo como eu o tinha, e sei que não tenho capacidade para outro."
Meus olhos agora procuravam alguma escapatória, talvez a porta - e o relógio que agora andava, enquanto eu enxugava uma lágrima fugidia.
Em poucas frases encontrei longos capítulos de minha vida.
Ferida aberta?
Não. É somente a paixão segundo G.H., segundo Clarice Lispector, segundo eu, segundo vós, segundo nós. Amém para todos nós.
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quarta-feira, 15 de agosto de 2007
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